quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

O Perfume-história de um assassino

"Ou a loucura da velocidade! Para que se precisava de todas essas estradas novas, que eram escavadas por toda parte, e as novas pontes?Para quê? Será que era vantagem poder viajar até Lyon em uma semana? A quem isso seria vantajoso? Ou viajar por sobre o Atlântico, e zunir em um mês até a América- como se durante milênios não se tivessse passado bem sem esse continente. O que é que o homem civilizado tinha perdido na mata virgem dos índios ou entre os negros? Até para a Lapônia se ia, isso ficava ao Norte, nos gelos eternos, onde viviam selvagens devoradores de peixe cru. E ainda queriam descobrir mais um continente, que se supuha estar no oceano meridional, seja lá onde isso fosse. E para que essa loucura? ...."
"...a felicidade do ser humano provém do fato de ele não querer ficar quieto no seu quarto, onde é o seu lugar..."
"...Num copo d'água deveriam, desde há pouco, nadar uns bichinhos bem pequenos que antigamente não se enxergavam; a s´filis seria uma doença normal, e não mais uma punição de Deus; Deus não teria mais criado o mundo em sete dias, mas em milhões , se é que chegou a fazê-lo; os selvagens seriam sers humanos como nós; nós criaríamos erroneamente nossos filhos; e a Terra não seria mais redonda como até agora, mas chata em cima e embaixo, como um melão.
"...esses Diderots e d'Alemberts e Voltaires e Rousseaus e como se chamavam todos esses escrevinhadores- até elementos do clero havia entre eles, e senhores da aristocracia! Eles realmente haviam conseguido espalhar por toda a sociedade a sua própria p´rfida inquietação, o simples prazer de não estar-contente e de não-conseguir-se-dar-por-satisfeito com nada desse mundo, em suma: o caos sem limites que imperava em suas cabeças!

O perfume-história de um assassino,1985..pgns 61,62
Marco Antonio =)


terça-feira, 23 de janeiro de 2007

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Conservados como árvores de plástico
feridas abertas de uma perna incurável
Você é a continuidade,
a gota que se enraiza em terra seca,
veneno que infiltra na carne,
semente que arromba o óvulo ocioso.
Você é a colheita,
fase final do alimento dispensável,
bater de asas elétricas,
ansiedade do sol atômico,
pés sujos numa vala sagrada.
Você esta a salvo.
Obscurecido por seu brasão
Você foi invadido à gritos,
expulso por gotas de mel,
salvo por realidades mentirosas....