terça-feira, 18 de março de 2008

A hora da estrela ;D

É uma estrela que queima na solidão do mar,
Remói sua cor nas ondas, na escuridão;
parece sempre aqueles quadros,
aquela sensação de deserto, de ponto final.
no corredor lateral, no meio de cigarros escondidos e
janelas abertas, tudo parece tão perdido,
tudo anuncia o que se esgota; o que é um
pouco vazio, esvazia-se por completo e preenche tudo de tristeza,
de forma que preciso escorar-me na parede e me deixar cair até
o chão; esquecer do cigarro, queima sozinho, malabarista de suas
cinzas, é uma estrela na escuridão do corredor,

no poço obsoleto das cerâmicas brancas, é um alívio,
uma única tentativa de alívio.
a casa vazia...but my heart, it don’t beat... canto baixinho,
me despeço desse refúgio; apago a estrela
contra um cigarro vagabundo.
é um facho brilhante que se apaga, mas que deixa rastros,
planta sensações, arrebata o sono, desvincula a si próprio
da raiz da dor original.


Marco Antonio

E caso exista a consciência que espero, resistirei;
Continuo nublado,
mas cheio de conversas familiares amigáveis, aquelas que a carência nos faz procurar as vezes;
sorrisos e tapinhas: a esperança em meio à relva.
Sinto mais sabor agora, um desafeto maior do que pode ser suportado e uma distância que ajudou a tornar-me congruente.E desisto tão profundamente em alguns momentos,
que deixo-me cair aos ferozes,
descanso em pedras tão sonolentas; me entrego, de fato,
à essa situação,
ao estado que conheço tão bem e que domina
minhas vontades; e eu odeio estar assim,
mas evoco essa situação todas as manhãs; procuro cada segundo
de vazio quando acordo e prendo-os a mim.
É tão doloroso viver sem isso e tão impossível viver à sombra de sentir-se assim.
Eu tenho um sonho, o mesmo todas as noites, o mesmo de milhões.
Espero-o à noite, cansado, à mercê de ser satisfeito por esse sonho,
por uma sensação interminável, até que o sol invada a veneziana marrom.
me engano ao querer dormir...mas durmo tanto. Às vezes afundo na gota que transbordou aquele copo,
aquele que era minha realidade, exagero,
sinto demais, insisto em não esquecer;
desisto novamente; é tudo tão novo, impossível,
inviável para se viver.
Espero o café,
visualizo as pedras nos bolsos, o gás de Mariana, a navalha...
a xícara e o café;
torno-me mais concreto, um tanto sonhador, mas não irreal.

Marco Antonio :~