de tão recente e de tanta falta.
não existe acaso: existe escolha. não tente enfiar a culpa
no cu da vida, ela não tem nada a ver com isso. a condição
é feita, as escolhas são construídas e os amores são
escolhidos pelo próprio corpo, por pólos que se encontram.
os caminhos não são uma visão que se segue, são os rastros
que podem indicar que foi trilhado, o resto faz parte da
paisagem. as pessoas estao sempre julgando o que os outros
vivem, mesmo que estejam cheias de histórias sobre suas
próprias vidas. até seria bacana se elas usassem o tempo
desperdiçado comigo, para espalhar o itinerário sórdido das
próprias relações. com o tempo os idiotas te desconhecem
-ou fingem que- e logo me pego pensando se eu mesmo já
os conheci alguma vez. com o tempo, você sente profundamente
quem realmente faz falta e que o que era anterior não
passava de tentativa. quando se sente vontade de
dividir, de querer, de passar a noite, de largar o resto,
de esquecer do trabalho, da familia e do que algumas pessoas
possam estar pensando, quando não se sente. quando se
tem medo de que passe, de que se perca, de que diminua;
quando pensa que, mesmo acabando, foi natural e bom pra
caramba. quando o dia virou um vazio por saber que no final
da noite não terá o aperto e o cheiro, quando tantas coisas assim
e muitas outras acontecem, a gente sente que o anterior foi
todo tentativa e o importante é este agora, transbordando
xícaras e circulando abraços solitários. não seja idiota, responda.
deixe os próprios sentimentos de lado e lembre que cada um é
um por si e que sozinhos somos mais interessantes.