quarta-feira, 18 de junho de 2008

pedaços.

Não sei se posso lembrar agora, mas era uma janela aberta para cinza com mais alguem esperando chuvas e vozes, canções que agarrassem o tempo lento, as horas dolorosas. Era alguém igual – com algumas diferenças? – que sentava em frente à janela, não: me encontrava em frente à janela. Era aquele quadro e passeávamos pela paisagem ou caminhávamos até nos encontrar. Isso. Posso estar forjando uma lembrança ou posso lembrar isso realmente. Comecei a achar mais bonito o tipo de armação que repousa sobre os blocos, numa letra quase ilegível adormeciam planos, promessas de caminhos, de passar para nada. Tinha o reflexo dos tijolos em mim, tentei uma vez, mas entendi que poucos fazem erguer-se diante e quadrados que não sejam seus. Caía de lado, de um modo quase teatral e acreditava realmente descansar, não acordar enquanto não fosse air como a garoa lisa, como a musica escorrendo pela mesa, transbordando. Eu transbordaria? Sim, mas sem exceder as linhas: de dentro para dentro; sem aumentar a a mim mesmo, mas me amplificando perfeitamente. Haviam ladrilhos também – de cor sem cor –formavam e logo acabavam, talvez uma moldura, pois a janela, sim, lembrei-me dela. Estávamos lá e já não sei se é so minha vontade ou se gostaria de estar junto também. Espero que volte com uma resposta diante da janela. Sonhei com uma janela voltada para o cinza, acho que havia apenas o cinza, mas estávamos la. Não sei se posso lembrar agora.
Marco Antonio.