terça-feira, 27 de janeiro de 2009

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é engraçado ter ver passar caminhando devagar,
perceber que você não ter graça alguma.
engraçado achar as linhas do teu rosto mais
velhas que tua idade, algo bem previsível.
achar esse caminhar sem altivez a coisa mais
desestimulante. Esses olhos apagados e esse
peito sem calor. Te ver passar me lembra
que o que mais gosto em ti é o que não posso
ver e essa habilidade de me acender com
essas ondas de imperfeição.

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28/01

volte, sensação. volte, caminhar. volte, alguém perdido.
não consigo lembrar do teu rosto e tenho teorias sobre
isso. As vezes penso que é gostar demais. As vezes
penso que é não gostar. As vezes penso que é não saber
quem tu é. Controle. Falta alguma coisa nessas nossas
partes sem nome, partes que ninguém parece conhecer.
Droga, tem tanta fente, tem tanta coisa que é difícil entender
um corpo que não consegue se mover.

algumas pessoas parecem poder fazer isso sem dificuldade,
com muita beleza até. jamais aprendi. Eu sei, você sabe: já
senti o sabor dessa coisa, mas foi tudo muito rápido. Foram
promessas, uma noite e sexo que não agradou. cada vez
mais acho que prefiro a mim, assim sozinho. mas foi tudo
muito rápido e ficou esse gosto na garganta insistindo que
deveria ser meu por inteiro: acreditei. Acreditei. Acreditei.
Acreditei e acho que posso lidar com isso, caso tudo volte,
claro. Não merece, eu sei. Preciso trabalhar de verdade pra
me ocupar e isso eu sei também.


marco

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quero te mostrar quem eu sou agora, na hora, instante
maior que não quero perder. quero te tirar desse cozinha
sozinha, mas você anda tão. e eu acho que. entao parece
que uma dor entra quando você sai e eu não disse nada.
queria mostrar e esqueci de como me acho. você sabe, esses
dias tão inconscientes, como acordar e não saber, sabe?

então que já me senti tão perto, já me senti tão teu.. e
agora nem me acho, nem te consigo. e os dias nem passam
porque eu quero te encontrar e porque eu quero ter um dia
em que entenda exatamente essas direções.
então que você some e não é meu e eu que te vejo entrar.
e eu que não quero saber quem tu é, porque isso só me
afasta, isso só me tira o que gosto nos teus olhos, como um
mau hálito que inibe os beijos matinais. durmo distante
querendo te resgatar dessa cozinha silenciosa, mas são os
clarões que trazem a lembrança de quem ainda não fomos.



marco