segunda-feira, 25 de maio de 2009

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Vou começar, juro que vou começar. Antes de dormir planejo
todo o meu 'amanhã'. Vou estar disposto, vou sorrir, vou voltar
a ler sem parar, vou estudar, vou parar de escutar o último do
Beck, vou parar de comer açucar, vou limpar esse teclado imundo,
vou voltar a escrever, vou me decidir com quem ficar, vou voltar
a ir na academia, não vou dormir a tarde toda, vou me organizar.
Vou começar, juro que vou começar.

Então o despertador toca: primeiro acho que estou sonhando
- sempre acho que estou sonhando com celulares e relógios,
se é que se pensa enquanto sonha e quase acorda - continua
tocando e eu tenho que acordar. Bocejo bem alto, o que faz minha
mãe bater na porta. Hoje vai ser o dia em que vou começar, penso,
hoje vou seguir tudo que planejei, hoje vou estar bem. Levanto e
sinto minhas pernas, a luz amarela, todas essas coisas que lembram
que nada acontece como realmente pensamos que iremos sentir. Eu
quero me sentir bem, mas tem sido tão dificil. Eu quero começar, mas
já não sei como se faz, tenho a sensação de que vai continuar assim
dia após dia e o medo de que eu perceba que o ano acabou trava
minhas pernas, atinge minhas costas; tenho essas dores ridiculas e
essa sensaçãode que nada mais tem graça. Ficar em casa é ruim, sair
é pior ainda. Espero não dormir essa tarde,
conseguir isso seria um bom começo.