segunda.
Recebi um pouco de silêncio, alguma mísera concordância
e um punhado de compreensão melosa.
E eu, eu mesmo chorei. Chorei muito, incessantemente,
nervoso e emocionalmente ainda em dúvida,
coloquei toda minha decisão sobre o chão, à mostra para
que os interessados soubessem das divagações em que
me encontro. Me senti explicitamente aliviado.
O que no domingo a noite me sufocava e tirava
meu sono as 4 horas da madrugada, saiu de dentro
de mim e emanou para os olhares cautelosos de
um pai aparentemente preocupado, orgulhoso,
decepcionado e triste por minha decisão. Mas, por fim
eu consegui fazer o que eu pretendia, e recebi reações
muito mais agradáveis daquelas que eu esperava
e tanto planejava retrucar. Passei duas semanas repetindo
incessantemente em minha mente o inicio do meu discurso,
e mudava-o a cada repetição, não tentando achar
palavras que mais agradassem a mim,
mas aquelas que eu sabia ter um impacto menor
no abismo de informação em que ele se encontrava.
Mesmo tendo certeza do que queria no momento em
que falei, e até algumas horas depois, fui para a aula,
fiquei fora da sala e um vazio começou a me preencher
novamente. Depois que me senti aliviado percebi
que tenho pouco tempo e que nao tenho plano algum,
estou caminhando para algo que eu nem sei se conheço
mais. Talez tudo tenha mudado, inclusive eu. Aquele arrepio
se aloja novamente em meu estômago e ao
mesmo tempo a sensação de estar livre, a sensação de
que por algum tempo a responsabilidade que pesava
vai dar uma trégua... me alivio novamente.