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essa situação, como se diz quando estamos um pouco.
um tanto. um pouco mais do que ontem. gosto de
olhar a vida dos outros, assimpassandocorrendo em
frente aos meus olhos. gosto do movimento dessas
vidas, assimpassandocorrendo enquanto um cigarro
queima atrás do outro e esses copos quebrando um
atrás do outro. parede que se abre. o que abre não
é a parede, eu sei. eu sei de um monte de coisas. vejo
todas essas vidas, esse tal de relacionamento. esse
tal de viver que passa em pose de totalidade. eu bem
sei como ele é, sei sim. ouvi, cheirei, toquei; vivi, claro
que também vivi. alguém disse que não? não, eu sei.
mas então que agora vejo passar, só posso ver, cheirar,
talvez tocar e nada de viver, entende? eu sei eu sei
é automatico, não é escolha, não é merda alguma, só É.
e daí que não sinto assim. e daí que passa e me irrita.
e daí que passa e nao gosto. e daí que acontece e não
me acostumo. e daí que passa. e daí que o tempo. e daí
que eu sempre sozinho. e daí que nada de amor. e eu aqui
só querendo viver, só querendo ser, só querendo aceitar
que tudo espera, que tudo - SIM- vai acontecer. e eu
aqui sem conseguir me sentir simplesmente o que eu
sou tão simplesmente humano e sem explicação e com
amores que eu não sei agarrar com meus próprios
sentimentos e depois digo que não existem: não existem.
e daí que.
me sinto sempre cansado.
que sempre fazer.
quero, sempre quero e já cansado não consigo fazer. e já
cansado não consigo viver.
marco antonio