segunda-feira, 29 de junho de 2009

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hoje o vento é forte e tem barulho de chuva;
seco, sem água, ele vem apagando velhas brasas,
aspirações antigas e juvenis; ele tem cheiro de
coisa nova, de esperança que é dolorosa por ser
inocente, de vontades que travam na garganta.

vem espalhar essas sementes pelo chão. sementes
que não levantarão com outro redemoinho, mas
os fatos certos irão varrendo-as, abrindo os caminhos
certos. é uma sensação estranha de
lembrar do sentido, de achar que passou. as coisas
parecem novas, as pessoas parecem irresistivelmente
boas, simples, leves, adicionando/ dividindo momentos.
lembrei do sentido de ter
alguém pra rir, falar sobre as coisas e confortar -mesmo
que você não compreenda os motivos alheios - adorar;
ficar dois minutos e trinta segundos em silêncio no
telefone, como se estivesse do lado, como se sentisse
o cheiro, como se pudesse ver a cor e os detalhes de
tuas mãos; e depois de rolar durante um tempo, observar
exageradamenteas folhas, as possibilidades - sem planejar,
sem expectativa, apenas tentando sentir que tudo
ficará bem - e deixando o vento fumar todo o cigarro,
lembrei do trecho que li numa daquelas tardes ruins das
últimas semanas e percebi que ELE tinha razão, de novo:



"...para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio
de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando
algo assim como estou contente outra vez ou simplesmente
continuo..."

C.F. Abreu