segunda-feira, 13 de julho de 2009

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e todos os anseios devorados com uma colher. entender
os outros é tão difícil quando evitar esta última mentira,
sabe? todo o mundo diz, todo o mundo pensa e todo o
mundo jamais pára de desviar os caminhos pra verdade.
me arrependo pelas colheradas, mas já foi. tenho a tarde
toda. ter a tarde toda pela frente sempre me assusta já que
parece grande demais pra suportar; estranho, pois a noite
é maior, mas nunca insuportável. mesmo que dolorosa, ela
sempre traz a possibilidade de algum conforto, qualquer um:
o sono é menos culposo, a vontade das mãos é livre e
a escuridão abstraindo os pensamentos sobre continuidade,
futuro e todas essas coisas que tornam o tempo insuportável.
talvez esse pensar demais estrague tudo. ou talvez salve o
que venho a achar digno em mim, não sei. toda a preocupação
deve fazer parte de tudo o que sou em qualquer região dos meus
pensamentos. tanto faz, ainda a tarde inteira, ainda a
saciedadeque chateia, ainda as marcas das sensações altas.