domingo, 2 de agosto de 2009

me socorre, Bukowski.

acho que nem faço valer minhas cicatrizes. olho e vejo a beleza
que já foi indo, que correu duas quadras e cinco ligações depois.
seis andares abaixo e sem açucar, a noite não é minha hoje. há
tempos não sinto ter alguma coisa. acordo sem as pernas e é dificil
continuar dormindo ou conseguir levantar. a chuva parou e as
desculpas pra ficar em casa se foram. me rendi. desisti desse hoje
e agora não queria mais estar em casa: parece tarde.
os comprimidos acabam comigo.
seis quadras, dois andares, sem identidade e sem minha marca de
cigarros. canso, quero, me arrumo e desisto. quero uma sala mais
vazia e ninguém no quarto ao lado. estou no lugar dele agora: sete
meses atrás. porra! oito meses já, acho. entendo. sábado de merda.
queria pedir socorro e alguém me socorreu, mas merda, afundei no
meu vazio novamente. quando as coisas não deviam ser, começo a
relembrar tudo isso justamente num sábado que tanto reclamo não
ter sido e me deixo atingir. tem certeza que deseja apagá-lo? SIM.
é simbólico, sei, mas precisava fazer alguma coisa. preciso beber
alguma coisa pra deixar de sentir o teclado e as pessoas do quarto
ao lado. preciso que alguém me reescreva e desconfio que posso sair
correndo pela noite agora que a chuva parou. tenho certeza que te
apagar não foi nada. que não fomos nada e que em algum momento eu
soube pra onde estava indo. com liberdade, reescreva.