segunda-feira, 20 de setembro de 2010

no alarms and no surprises, please.


e quando, sem percerber, estava me esvaziando de ti,

vem você pra me oferecer mais. pra me lembrar das
tardes inteiras ouvindo Lou Reed com a eterna
indecisão pelo sabor do pastel. o cimento era queimado,
a cortina era um cobertor e o futuro não importava
tanto. importou tão pouco que desapareceu, mesmo que
quiséssemos ter tido um. tivemos por um tempo. até
um tempo em que o tempo e a vontade diminuiram. e
daí, no meio da chuva e de faróis, vem você pra relembrar
mais, querendo preencher um copo já quase vazio. pouco
soube o que dizer, até não havia o que. tenta me resgatar
com Caetano e com

teimo em desacreditar que passaram-se dois anos
desde os pastéis, um ano desde a ida até a
farmácia, outro ano desde a casa nova e os quadros
de lata, 8 meses da espera nas cadeiras, das escadas
de amigo, da coisa mais rápida e mais louca que já passou.
as vezes eu queria ser exatamente essa coisa que já
passou.

talvez isso seja um aviso um pedido uma despedida.
outra despedida? penso. não falo nada, não quero mostrar
que penso que qualquer coisa esteja se repetindo. AGORA
nada está se repetindo.nem sei. talvez nada seja. talvez nada
tenha sido. porque tenho certeza que não mais será. mas
não posso dizer, tão pouco admitir que será mais fácil
esquecer e sorrir.
o dia não será o mesmo amanhã, mesmo
que continue chovendo. eu só queria estudar e dormir e
dormir. e agora tudo isso. e agora mais nada. e agora não
sei o que me apavora mais, depois de todo esse tempo que
renasceu em uma ligação e uma visita. você ainda nem sabe
se vai ficar. e eu tenho certeza que não quero que fique.

This is my final fit, my final bellyach (...)
No Surprises - Radiohead