quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

e precisava dele para sentir, mas


eu esperava tanto pelos momentos de falar e pelos momentos que podiam vir, que acabei ficando em silêncio quase que o tempo todo. e agora, cada vez que me "pergunta as horas", penso num monte de coisas legais que gostaria de te dizer, mas sempre respondo "quinze pras sete", assim, como se naquele momento qualquer coisa que eu fosse falar pareceria besteira.


Porque cada gole tem dentro uma lembrança, ou traz aquela sensação de que existe qualquer encantamento nessa cena em que bebo sozinho numa noite sem expectativas, quanto na verdade eu só queria não estar sozinho. e de repente comecei a sentir essa absurda necessidade de sinceridade, sem perceber que
recuso as bebidas e fumo cada vez menos: as vezes a gente vicia nessa sobriedade, em passar o dia inteiro sem essas fugas.Isso me aproxima demais da realidade, de sentir e perceber as coisas como são ou estão acontecendo. Era demais, como nunca talvez tivesse sido ou como talvez nunca tivesse sentido. daí eu percebo o quão fundo estou cavando em mim mesmo, como nunca tinha feito antes. e resolvo começar a não me importar se fui vencido ou se me entreguei; se amanhã estarei sozinho ou com muitas pessoas ao redor; se alguém me chamar e eu não responder, porque eu só queria que não importasse mais. já me importei demais, e continuo ainda, mas agora começou a cansar um pouco. o café ficou quente demais pra mim. e as vezes eu afundo a cara no travesseiro e vejo como nada está como antes. nem aqui nem em lugar nenhum. me agarro cada vez mais nessas coisas que tenho que fazer: riscar, escrever, conversar horas comigo mesmo - porque ainda parece fraqueza qualquer coisa que eu vá falar pra outra pessoa- sem chegar a nenhuma conclusão, tomar banhos, desbloquear cartões, aprender a fazer café gelado (e puta-que-o-pariu, é bom pra caramba). as férias começaram muito diferentes do que eu tinha pensado/planejado, e acho que a mudança mais fóda que eu poderia fazer agora seria trocar a cama de lugar. mas posso procrastinar isso também. começo a passear pela casa enquanto escovo os dentes, e imagino tanta coisa, construo cenas perfeitas pra dividir: mas estou sozinho aqui e não sei como continuar a construí-la por mim mesmo.