sexta-feira, 28 de março de 2008

feriado II

Não há prazer nenhum em relembrar,
existe uma presença obscena, escura e ingênua
que nos acompanha os passos,
sussurrando quando conseguimos relaxar um pouco;
deixando que ela nos cegue, é impossível absorver
por um todo, perdoar ou sentir tudo que existe.
Todas as palavras dizem o que querem dizer,
algumas são aquelas chamas flamejantes de que nos
aproximamos e com um medo e muita certeza, fazemos questão
de nos queimar; então, há algum prazer NA dor de relembrar.
As vezes é mais simples, como os montes

de pedrinhas brancas do jardim,
é possível juntá-las e sentir-se feliz, mas eu, eu sempre assisto tudo
com uma distancia do asfalto inteiro,
eternizando uma saudade que é apenas inevitável, tanto quanto respirar.
Ela esta ao meu lado e noto sua presença quando encontro a mim mesmo;
parte do dia traz respostas intrínsecas, esperas de muito tédio, um tempo banal.
Espero tanta coisa da noite, que lembrei como ficar acórdão faz bem.
É surreal não é você. É o corpo cansado contra mente;
Abrir a porta da geladeira e acender um cigarro;
Olhar pela janela e passar a navalha pela pele; tão distintos
e tão iguais nesses momentos.
Foge de qualquer vontade de viver ou de saber-se vivo;
é sentar apenas,
sentir e distinguir na manha seguinte o que foi sonho e
o que realmente aconteceu.



Marco Antonio

terça-feira, 25 de março de 2008

inspiração Aparente.


quinta-feira, 20 de março de 2008

evening.

Agora recordo todas aquelas luzes e o colchão no meio do salão,
a cena parece viver novamente;
Espero ansioso o próximo dia, mas está tão distante quanto
o final do meu expediente.
Impressiono-me –deveria?- com as novas ações,

é tão surpreendente,
que tento atingir sempre o menor perto dela,
o que imaginei que ela acharia absurdo;
em resposta, ela sorri e propõe-me coisas infindáveis,
agrados desproporcionais.
Vejo em seus olhos a satisfação da minha mentira
é tão necessária, mais fácil, apesar de ser menos divertido.
Procuro algo que goste realmente,

alguma coisa que não fique apenas na euforia de
uma madrugada e depois repouse –sem ser terminado- sob a mesa,

afogando-se em papéis.
Parece bem isso diante de meus olhos,
aquele dia e as músicas que ouvia sem parar,

aqueles comportamentos que eu não suportava;
e era um dia longe, um ano longo que terminou sem final;
esqueci de despedir-me, de sentimentos ou pessoas;
foi tão fugaz e talvez não exista uma decisão que tenha

sido mais correta; e mesmo assim, a noite insiste em calar-me,
as horas compreendem incompatíveis o quanto me irritam.
Perco tanto tempo procurando por tempo, por exceções,
por palavras dispostas a me cegar, a me fazer rir e achar,
não suportável, mas normal, cabível;
a achar tudo maleável,
rigidamente vivo.


Marco Antonio :)

terça-feira, 18 de março de 2008

A hora da estrela ;D

É uma estrela que queima na solidão do mar,
Remói sua cor nas ondas, na escuridão;
parece sempre aqueles quadros,
aquela sensação de deserto, de ponto final.
no corredor lateral, no meio de cigarros escondidos e
janelas abertas, tudo parece tão perdido,
tudo anuncia o que se esgota; o que é um
pouco vazio, esvazia-se por completo e preenche tudo de tristeza,
de forma que preciso escorar-me na parede e me deixar cair até
o chão; esquecer do cigarro, queima sozinho, malabarista de suas
cinzas, é uma estrela na escuridão do corredor,

no poço obsoleto das cerâmicas brancas, é um alívio,
uma única tentativa de alívio.
a casa vazia...but my heart, it don’t beat... canto baixinho,
me despeço desse refúgio; apago a estrela
contra um cigarro vagabundo.
é um facho brilhante que se apaga, mas que deixa rastros,
planta sensações, arrebata o sono, desvincula a si próprio
da raiz da dor original.


Marco Antonio

E caso exista a consciência que espero, resistirei;
Continuo nublado,
mas cheio de conversas familiares amigáveis, aquelas que a carência nos faz procurar as vezes;
sorrisos e tapinhas: a esperança em meio à relva.
Sinto mais sabor agora, um desafeto maior do que pode ser suportado e uma distância que ajudou a tornar-me congruente.E desisto tão profundamente em alguns momentos,
que deixo-me cair aos ferozes,
descanso em pedras tão sonolentas; me entrego, de fato,
à essa situação,
ao estado que conheço tão bem e que domina
minhas vontades; e eu odeio estar assim,
mas evoco essa situação todas as manhãs; procuro cada segundo
de vazio quando acordo e prendo-os a mim.
É tão doloroso viver sem isso e tão impossível viver à sombra de sentir-se assim.
Eu tenho um sonho, o mesmo todas as noites, o mesmo de milhões.
Espero-o à noite, cansado, à mercê de ser satisfeito por esse sonho,
por uma sensação interminável, até que o sol invada a veneziana marrom.
me engano ao querer dormir...mas durmo tanto. Às vezes afundo na gota que transbordou aquele copo,
aquele que era minha realidade, exagero,
sinto demais, insisto em não esquecer;
desisto novamente; é tudo tão novo, impossível,
inviável para se viver.
Espero o café,
visualizo as pedras nos bolsos, o gás de Mariana, a navalha...
a xícara e o café;
torno-me mais concreto, um tanto sonhador, mas não irreal.

Marco Antonio :~



terça-feira, 11 de março de 2008

adestramento.

queria chorar por tudo isso. Me esforço e no
lugar das lágrimas que esperava sai uma gargalhada
infantil zombando da minha dor e fracasso que estão
estampados no fundo em cores vibrantes,
chocando meus olhos que podem ver a mim mesmo
sentado numa cadeira beirando a mesa onde estive
por toda a tarde que pareceu-me eterna,
enlouquecedora. E nesse pequeno criadouro de horas
esta tudo o que mais odeio em mim, o que odeio por
ter feito a mim e o que odeio por aceitar, por não desistir,
nao me mover para modificar..apenas reclamar, repousar,
arrastar-me e esperar esse tempo, esses segundos de chama
eternamente insuportável passarem.

Marco Antonio

segunda-feira, 3 de março de 2008

alguém que te aconselha.

Talvez seja isso que tenha me matado, essa loucura toda.
o lago negro, o exagero de transições,
é difícil mudar a cada dois minutos, entre idéias, decisões e humores
A sanidade parece uma pena voando com o movimento dos pensamentos,
repousando sobre o que se instala por tempo maior.
É como dizer a receita se você mesmo não sabe fazê-la.
Pessoas como nós não conseguem compreender a maioria das coisas e

talvez a grande diferença do restante seja não suportar a situação ao
invés de se acostumar com ela. Tento não levantar o rosto pela manhã,
encarar o espelho antes do sono, minha despedida particular.
Quando algumas cores voltam, nas noites de cigarro e conversa no deck,

nos humores amanhecidos da transa anterior.
Sinto algo engraçado, situações quase divinas. Os casais passam adiante,
bebeM do mesmo copo e dormem juntos em camas separadas.

Quase como tudo quanto é sólido,
omo todos os meus amores e o que eu decidi agora.
aqueleS planos que abandonarei assim que as pessoas se encaminharem,

tentar achar um motivo para odiar e entender porque não amo
desesperadamente quem devia estar na lista dos trinta.
O papel que entreguei à ruiva de cabelos negros, esvaziei a terceira xícara de vez,

vou até a rua de pedras, na luz vampírica flutuar meu descanso e minha condenação.
Você foi até hoje
Tudo o que me levantou e
o que me desmORona todas as vezes e é quase como
um vício que caminha por mim e me eleva em mortes e ações.
Espero o sábado, o dia dos comprimidos,
Quando tudo pode
fazer
mais sentido
do que nas noites restantes, nas unhas curtas.
Me ignorar é o olhar mais excitante que você me deu,
é tudo que poderia querer e esta guardado no que eu chamo de animal,

no que comove meu lado mais vivo mas que não me convence a preferir viver.


Marco Antonio :~