feriado II
Não há prazer nenhum em relembrar,
existe uma presença obscena, escura e ingênua
que nos acompanha os passos,
sussurrando quando conseguimos relaxar um pouco;
deixando que ela nos cegue, é impossível absorver
por um todo, perdoar ou sentir tudo que existe.
Todas as palavras dizem o que querem dizer,
algumas são aquelas chamas flamejantes de que nos
aproximamos e com um medo e muita certeza, fazemos questão
de nos queimar; então, há algum prazer NA dor de relembrar.
As vezes é mais simples, como os montes
de pedrinhas brancas do jardim,
é possível juntá-las e sentir-se feliz, mas eu, eu sempre assisto tudo
com uma distancia do asfalto inteiro,
eternizando uma saudade que é apenas inevitável, tanto quanto respirar.
Ela esta ao meu lado e noto sua presença quando encontro a mim mesmo;
parte do dia traz respostas intrínsecas, esperas de muito tédio, um tempo banal.
Espero tanta coisa da noite, que lembrei como ficar acórdão faz bem.
É surreal não é você. É o corpo cansado contra mente;
Abrir a porta da geladeira e acender um cigarro;
Olhar pela janela e passar a navalha pela pele; tão distintos
e tão iguais nesses momentos.
Foge de qualquer vontade de viver ou de saber-se vivo;
é sentar apenas,
sentir e distinguir na manha seguinte o que foi sonho e
o que realmente aconteceu.
Marco Antonio