terça-feira, 30 de junho de 2009

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21 horas e três minutos.



como, depois de tanto tempo, ver você pode doer
tanto? sinto como se estivesse caindo, dando um
passo e projetanto minhas dores pra frente, elas
se inclinam numa aparência espectral e voltam
ao meu corpo. e a cada passo isso se repete. e tudo
passa muito rápido. me encontrei contigo algumas quadras
antes e todas essas memórias voam sob as luzes,
penso no que poderíamos. lembro do que fomos,
poderíamos estar. dói sentir. dói perceber que sinto
e dói discordar tanto disso. oito meses é muita
coisa, todas as passagens, é muita coisa. e apesar
do tempo, do flagra, dos asteriscos e do cansaço
interminável, vou soltando lentamente um lenço de
papel, tentando fazer tudo ficar mais devagar,
querendo implorar que o tempo me entenda e que
cada passo, cada projeção dessa dor possa ser mais lenta
que os pensamentos, que estes passem tão rápidos e
tão alucinados, que agora você toca meu ombro e me
chama, como antes. não posso mais enganar: o lenço
encontra o vento e cai rapidamente; sim, eu sinto isso.
sim, você é tão presente e eu sou tão patético. é sempre
assim: me apegando à tons, movimentos de papéis e
lembrando e querendo. talvez exista razão em não
termos sido mais. talvez aconteça. talvez você lembre,
sinta dor e silencie também. talvez eu esqueça. e acho
que quero. te rever é apenas o sinal de que não existe
casca alguma: tudo está tão úmido quanto o sexo já foi.