maybe if we think and wish and hope and pray (II)
domingo. faz mais calor do que ontem. não estou em casa.
não: estou em casa, mas não me sinto na minha casa. depois
da noite e ter tantas coisas pra saber e internalizar, só tenho
vontade de continuar onde e como acordei hoje. ficar
deitado onde o resto não interessa ou sentindo o vendo no rosto,
na luz fóda da lua sem querer voltar pro mundo, sabe, congelar?
e como é confuso: primeira vez, desde o inicio, que falamos
sobre realidade. bateu aquele estranho frio na barriga, um medo
fóda de ter que parar agora com essa outra coisa que tem me
deixado tão contente. sim sim, a realidade ta sempre ali, mas a
gente nem precisa seguir regras falidas dela, dá pra pelo menos
tentar ao máximo continuar compartilhando mesmo só podendo
desabafar em palavras escritas. sim, dá sim. e mesmo assim fiquei
na mesma de antes: querendo mais do mesmo. querendo repetir
tanto, porque faz bem. não interessa quantas personalidades
cada um posssa demonstrar.
só queria um tempo grande, sabe, poder parar e não precisar
pensar em nada, não precisar voltar pra nada. talvez ele
chegue daqui uns dias. e eu penso muito em poder conciliar todo
esse tempo. eu quero muito compartilhar desse tempo.
e agora eu preciso tanto estudar. e não sei por onde
começar e já quero desistir antes mesmo de. mas ainda não é o
tempo. o sol foi embora enquanto escrevia e tudo parece mais
calmo. eu continuo inquieto. os livros continuam parados e eu
preciso levantar. adiós, Lounge.
Já disse de nós.
Já disse de mim.
Já disse do mundo.
Já disse agora,
eu que já disse nunca.
Todo mundo sabe,
eu já disse muito.
Tenho a impressão
que já disse tudo.
E tudo foi tão de repente.
(tudo Leminski, os poemas. Tudo de mim, o resto.)